Durante as aulas de Teoria e Prática de Op. de Hotel temos vindo a falar de uma maneira geral no Turismo, Hotelaria e suas causas. Como é feita a segmentação do mercado hoteleiro tanto numa visão geral como numa prespectiva nacional. A professora Mariana Falcão nos sugeriu que abordassemos um tema que consideremos relevante e que suscite alguma atenção para nós futuros Turismólogos. Esta primeira reflexão vai para a questão da promoção do destino Brasil.
Assim, falemos um pouco de Promoção. A promoção do Brasil e dos seus diferentes produtos (geográficos e temáticos) tem sido sempre um dos temas eleitos pelos agentes do sector para aferir da eficiência da política de turismo nacional. É muito frequente ouvirem-se críticas ao Governo e às Regiões sobretudo em períodos de recessão, justificando esta situação pelo facto de não ter havido a desejável e devida promoção do produto, sem muitas vezes se reconhecer também que a acção promocional levada a cabo pelo sector privado pecou por alguma ausência.
Entendo que a promoção é uma outra área que não pode viver sem um entendimento profundo entre os sectores público e privado. Quer no que respeita aos produtos a promover, aos mercados a cobrir, às pioridades, etc..
Mas, tal como para a qualificação do produto turístico há que ter a coragem de assumir em todas as áreas uma distinção clara e responsável entre a abordagem nacional, regional e sectorial da promoção e uma co-responsabilização entre os sectores público e privado de modo a preparar um “pacote” o mais completo possível, aproximando ao máximo a oferta do consumidor final.
De há muito tempo a esta parte, muitos entendidos defendem que se deve criar uma Sociedade de Promoção Exterior, com um plano estratégico de marketing estruturado, que por um lado congregue e permita a criação de sinergias entre os sectores exportadores que possam trazer um acréscimo de mais-valia promocional da “marca” Brasil e por outro lado permita criar uma gestão co-participada e co-financiada por todos aqueles parceiros ligados à exportação.
As Ilhas Canárias, mais concretamente Tenerife e Gran Canaria, criaram as suas próprias Sociedade de Promoção Turística com participação pública de 51%, sendo o restante capital dividido entre os diversos representantes do sector privado. Recorreram a quadros fortemente especializados e, assumindo um conceito de gestão empresarial, têm tido resultados que deverão merecer uma particular atenção por todos aqueles que têm responsabilidades nesta área.
Queremos, ao promover, o melhor cliente para o produto que temos, ou para o produto que queremos ter?
Para conciliarmos o melhor Cliente com o melhor Produto temos de constantemente ouvir o mercado e sobretudo o cliente (o turista que visita cada uma as nossas regiões, ou o operador turístico por exemplo, que tem em carteira valiosísssima informação) sobre a evolução das suas preferências e ter a capacidade de, com estruturas simples de diagnóstico, de acção e de distribuição da mensagem, poder responder positivamente.
No meu caso particular, que sou português e estou no Brasil apenas desde fevereiro, considero que o Brasil e as suas cadeias hoteleiras vendem o seu produto não de maneira errada, mas promovem muito as suas praias, o seu mar quente e o seu clima único, não que estejam errados, eu próprio vim para o Brasil com vontade de usufruir disto mesmo, e tenho usufruido! No entanto o Brasil é mais... depois deste algum tempo que estou aqui, posso dizer que o Brasil é muito mais do que o que se vende lá fora, quando se chega aqui e se conheçe as pessoas, a paixão destas pelo país, a forte cultura que lhes está associada, o interior do Brasil (que muito pouco é promovido na Europa) fica-se com vontade de ficar mais um pouco.. observa-se que o Brasil poderia vir a ganhar ainda mais com uma melhor promoção e mais bem estruturada. Porque como disse anteriormente "O Brasil é mais..."
Eu concordo com o que foi escrito e acrescento. Na verdade existem muitos planos estratégicos no Brasil, por exemplo Pernambuco tem o conhecido "Pernambuco para o Mundo", só que na minha opinião é tudo que meio que "jogado". Eu, por experiência na àrea, verifico que por exemplo alguém quer fazer um dos roteiros supostamente existentes no plano, só que esse roteiro simplesmente não existe... foi algo que foi mencionado, mas que nem sequer está estruturado para acontecer. Assim muitas vezes esse marketing promocional é entregue para as agências de viagem e outras operadoras turísticas fazendo com que estas tenham o total domínio do Turísmo no Brasil. Parece não existir uma entidade pública e um plano de marketing bem estruturado para que o Turísta venha ao Brasil e muitas vezes procure não só o "destino sol-praia" e procure outras alternativas.
ResponderExcluirÀs vezes chego a me perguntar até quando o Brasil vai insistir em promover de forma tão cansativa o nosso litoral, e me questionar em até quanto à promoção de nossas “riquezas” culturais e naturais poderia nos trazer benefícios. É português, o Brasil é muito mais do que se vende por ai, isso não podemos negar. Falando nisso, o meu medo está nesta palavra, vender, totalmente associado ao capitalismo, que tem como filosofia o lucro, e ai meus questionamentos vêem a cabeça. Tenho medo de que nossa cultura seja descaracterizada por culpa da bendita palavra, que nossos governos continuem concedendo incentivos fiscais para empresas que se apropriam de nossos espaços naturais e os degradam ou quando menos, os tornam privado, comprometendo a vida de nós moradores locais que dependíamos dele para sobreviver.
ResponderExcluirMas e ai, o que fazer?
Esse é o dilema de países emergentes, que precisam crescer, mas que para isso devem sacrificar suas “riquezas”. Como estudante de turismo também tenho que defender a promoção do nosso Brasil não é?
Mas é claro. Eu acredito que por meio de uma promoção eficiente, junto às normas que certifiquem que nossas riquezas estão sendo protegidas, podemos trazer empresas e turistas que mercam o Brasil, e que deixem nossa cultura e natureza como ela é. É isso ai minha gente vamos fazer uma promoção turística consciente!!!
Nuno, ótimo Post, gostei da idéia de começar contextualizando a atividade turística no nosso país, e a sua visão como português enriquece ainda mais a discussão. Mirelle concordo com você sobre o PE para o Mundo, os fatos só enaltecem a sensação de que este é um projeto de governo, que atende diretamente interesses políticos momentâneos e não se olha para o que de fato nosso Estado precisa, planejamento a longo prazo e eficiente, a tentação do retorno econômico imediato sempre acaba por mitigar o potencial do turismo em promover o desenvolvimento de suas localidades! Ernesto, promoção turística consciente é um aspecto bem interessante se pensarmos que em vez de exigirmos sempre uma postura consciente dos nossos consumidores (nessa caso turistas) porque não promovermos o turismo de forma responsável e sustentável, não é mesmo? E aí teríamos automaticamente a responsabilidade dos atores locais em relação a oferta e ao "consumo" do turismo.
ResponderExcluirPessoal, gostei muito do post, uma ótima semana para vocês!!!